Após vários anos no setor náutico, detetei uma grande lacuna ao nível do salvamento a náufragos, que se mantinha inalterado na sua essência desde os últimos 300 anos, colocando em causa a segurança de toda a equipa de salvamento e do próprio náufrago. Iniciei assim todo o processo de desenvolvimento da boia U SAFE e registo da patente.Assim que a U SAFE foi apresentada ao mercado houve uma procura extraordinária a nível global, chegando-nos diariamente pedidos de compra e pedidos de distribuição de mais de 90 países, o que nos levou a reanalisar as oportunidades e a lançar esta nova unidade industrial com capacidade para dar resposta a esta procura massificada.Na conceptualização desta nova unidade, o conceito i4.0 tomou uma importância acrescida procurando-se o desenho de soluções de engenharia associados a fábricas inteligentes e a processos de controlo da produção inteligente enquanto elementos necessários e imprescindíveis a uma fábrica globalmente inteligente e capaz de cumprir a estratégia que nos propomos para o produto U SAFE, de salvamento a náufragos, que tem implícita a necessidade de qualidade no seu expoente máximo.
Quais os principais desafios com que se depararam no desenvolvimento do projeto?
Os nossos principais desafios são:- Capacidade de produzirmos de uma forma massificada para responder às necessidades de quantidades e sobretudo de qualidade do produto U SAFE;- Acompanhar/monitorizar todos os equipamentos U SAFE, no seu processo de fabrico e na sua vida útil para garantir o seu nível de qualidade e standardização;- Manter a liderança e gestão de toda a cadeia de valor do produto, assim como manter internamente todo o conhecimento, que já advém da patente registada em 2015 e de todos os desenvolvimentos realizados em torno da mesma.Acrescem ainda outros desafios mais globais, mas também de extrema relevância, como a atração de talentos, pois para além de pretendermos tirar o máximo partido das tecnologias existentes, da indústria 4.0 e de todos os novos conceitos que têm vindo a surgir, reunir uma equipa com competências humanas, sociais e profissionais é critico, pois acreditamos que a conjugação entre a tecnologias e recursos humanos altamente especializados será o nosso fator de sucesso.
O que consideram ser crítico para o sucesso da vossa estratégia?
O sucesso da nossa estratégia está dependente da aposta constante na investigação e desenvolvimento de novos processos para otimização de todo o processo produtivo da U SAFE, procurando sempre beneficiar de todos os desenvolvimentos da Indústria 4.0 e de todas as novas tecnologias que vão surgindo. Paralelamente, manter a aposta na inovação e diferenciação da U SAFE é igualmente chave para o sucesso da nossa estratégia.Dada a procura global e a nossa estratégia em manter todo o know-how e valor acrescentado do produto em Portugal, outro fator crítico de sucesso é a monitorização de todo o processo de produção e de toda a vida útil da U SAFE, independentemente da sua localização, o que nos levou à conceptualização de uma monitorização integral do processo produtivo e pós-venda da U SAFE ao longo dos anos, fator onde a Industria 4.0 dará um importante contributo.
Quais são os vossos objetivos para 2019?
Desde início de 2018 que temos vindo a sentir uma grande pressão do mercado e uma procura crescente da U SAFE em vários países como a Índia, Indonésia, México, Noruega, entre outros. Assim, para 2019 o objetivo será responder a esta procura crescente do mercado cumprindo com os elevados padrões de qualidade exigidos para a U SAFE, dado tratar-se de um equipamento de salvamento de vidas humanas.
Qual o contributo dos Fundos da União Europeia para o percurso da vossa empresa?
Tratando-se de uma start-up com um produto totalmente inovador e inexistente no mercado, o contributo dos Fundos da União Europeia tem sido fundamental para a implementação de todo o processo produtivo, de forma a garantirmos o lançamento mundial da U SAFE, contribuindo, paralelamente, para a criação de novos postos de trabalho e para a manutenção do know-how em Portugal, não externalizando o desenho técnico nem a investigação até agora realizada e mantendo o valor acrescentado da U SAFE em Portugal.
O Projeto
A Noras Global, S.A. propõe, com o projeto U SAFE 4.0, construir uma unidade industrial com capacidade que lhe permita satisfazer a enorme procura do mercado mundial de boias de salvamento U SAFE. Em termos estratégicos este projeto está dimensionado para uma capacidade de produção de 25.000 boias completas por ano para servir os mercados de maior proximidade geográfica, em particular os países europeus, e produção de componentes a fornecer às unidades industriais a nível mundial.
Trata-se da construção de um edifício com 4.725m2 com características específicas para a implementação do projeto e com a capacidade instalada necessária para massificar a produção da U SAFE.
Estas características específicas devem-se ao elevado nível de automação e informatização projetada para as necessidades do i4.0 que visa não só a produção, mas também a gestão/monitorização eficiente da produção, a nível global. Neste contexto haverá ainda a preocupação de se fazer a implementação de uma unidade industrial energeticamente sustentável, utilizando sistema de painéis fotovoltaicos de última geração, aproveitamento de águas pluviais e de energia térmica proveniente dos equipamentos de injeção.
O Apoio do COMPETE 2018
O projeto conta com o apoio do COMPETE 2020 no âmbito do Sistema de Incentivos à Inovação, envolvendo um investimento elegível de 24,6 milhões de euros o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 12 milhões de euros.
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