Como a Bosch está a revolucionar as fábricas com tecnologia e capital humano
Nelson Ferreira, coordenador de projetos de inovação, partilhou a visão por detrás do projeto Augmanity e o impacto das novas tecnologias nas fábricas.
Numa entrevista a Nelson Ferreira, responsável pela área de Manufacturing Digitalization na Bosch Home Comfort, exploramos como o projeto Augmanity, cofinanciado pelo COMPETE 2020, está a transformar as fábricas com tecnologia de ponta e foco no ser humano.
O projeto Augmanity, cofinanciado pelo COMPETE 2020, está a revolucionar a indústria portuguesa com soluções inovadoras que integram tecnologia avançada e o potencial humano. Nelson Ferreira, coordenador de projetos de inovação na Bosch Home Comfort, partilhou a visão por detrás deste projeto e o impacto das novas tecnologias nas fábricas.
Redefinir a Indústria 4.0 e preparar a Indústria 5.0
O Augmanity vai além da digitalização. Nelson Ferreira explica que o projeto não só impulsiona a transformação digital, como coloca o ser humano no centro dos processos produtivos. “O Augmanity está na vanguarda ao desenvolver soluções para os desafios da Indústria 5.0, que coloca o trabalhador como peça central. Usamos a Internet das Coisas e Inteligência Artificial (AIoT) para criar um ambiente onde a tecnologia capacita as pessoas, tornando as fábricas mais ágeis e motivadoras”, afirma.
O projeto, que combina digitalização e automação com “human-centered design”, não visa apenas melhorar a produtividade. Ferreira acrescenta: “Queremos criar um espaço onde a criatividade e o bem-estar dos trabalhadores são promovidos, aumentando também o seu desenvolvimento contínuo. O futuro da indústria não passa por substituir pessoas, mas sim capacitá-las.”
Impacto na eficiência e na sustentabilidade
As inovações do Augmanity já estão a transformar a forma como as fábricas operam. Nelson Ferreira revela que a integração de sistemas ciberfísicos, gémeos digitais e inteligência artificial está a reduzir significativamente o consumo energético e as emissões de CO₂. “Temos fábricas que já conseguiram reduzir o consumo energético em 20% e as emissões de CO₂ em mais de 30%”, destaca Ferreira.
Esses ganhos são alcançados através da monitorização em tempo real e de algoritmos de manutenção preditiva. “Conseguimos antecipar falhas e ajustar automaticamente os processos, o que evita desperdícios e aumenta a eficiência”, explica. As simulações feitas com gémeos digitais permitem testar novos layouts e fluxos produtivos, o que reduz o impacto ambiental e otimiza a produção.
O reconhecimento internacional: o prémio Outsystems ONE
O projeto Augmanity foi reconhecido internacionalmente com o prémio de Inovação Outsystems ONE, em Amsterdão, graças à plataforma Skillinx, desenvolvida no âmbito do projeto. “Este prémio valida a nossa capacidade de transformar a indústria, ao integrar tecnologias emergentes e desenvolver competências. O Skillinx é uma peça-chave nesse processo”, afirma Nelson Ferreira.
Ferreira sublinha ainda a importância de juntar academia e indústria no mesmo projeto: “O prémio é o resultado da colaboração entre diferentes áreas, mostrando o valor de combinar a visão académica com a capacidade de execução industrial.”
O papel crucial do COMPETE 2020
O sucesso do Augmanity não seria possível sem o apoio do COMPETE 2020. Nelson Ferreira reconhece a importância deste financiamento para viabilizar o projeto. “O COMPETE 2020 proporcionou os recursos necessários para desenvolvermos tecnologias disruptivas, que de outra forma seriam consideradas arriscadas num setor como o industrial”, afirma.
O financiamento também permitiu à Bosch explorar novas oportunidades e continuar a inovar. “A verdadeira inovação não se limita a um único projeto. O COMPETE 2020 ajudou-nos a identificar novos desafios e a preparar-nos para o futuro da Indústria 5.0”, conclui Ferreira.
O projeto Augmanity é um exemplo de como a inovação tecnológica, apoiada por programas estratégicos, pode colocar a indústria portuguesa na linha da frente da transformação digital, enquanto promove a sustentabilidade e o desenvolvimento humano.
O projeto, promovido por um consórcio liderado pela Bosch Termotecnologia, reunindo um total de 23 entidades, foi cofinanciado pelo COMPETE 2020 no âmbito do Sistemas de Incentivos à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (Programas Mobilizadores), envolvendo um investimento elegível de 7,4 milhões de euros, o que resultou num incentivo FEDER de cerca de 4,8 milhões de euros.
Marta Campino, da Unidade de Sistemas de Incentivos Nacionais da Agência Nacional de Inovação (ANI), destaca o trabalho realizado para fomentar e proteger a inovação no setor empresarial e oferece conselhos úteis para uma candidatura bem-sucedida aos avisos de concurso do COMPETE 2030.
Susana Armário, Chefe de Departamento de Relações Externas do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), destaca a importância desta entidade que tem como missão assegurar a proteção dos direitos da Propriedade Industrial no nosso país e apresenta os benefícios para as empresas.
Margarida Pinto destaca como as oportunidades de financiamento do COMPETE 2030 em Propriedade Intelectual e Industrial estão a impulsionar a inovação das empresas portuguesas.