Como as PME estão a abraçar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Publicação analisa como as PME portuguesas estão a integrar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas suas estratégias.
Os Relatórios de Sustentabilidade reforçam a transparência e o compromisso das empresas com os ODS.
Nos últimos anos, os Relatórios de Sustentabilidade tornaram-se instrumentos essenciais para as empresas comunicarem as suas estratégias e progressos em sustentabilidade. No contexto europeu, a nova diretiva Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD) impõe novas obrigações regulatórias, exigindo um reporte mais rigoroso sobre os impactos ambientais, sociais e de governança (ESG). No entanto, para além do cumprimento normativo, os relatórios são também uma ferramenta estratégica, que fortalece a transparência e a confiança junto dos stakeholders.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram estabelecidos em setembro de 2015 pelos 193 Estados-membros da ONU, no âmbito da “Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável”. Esta iniciativa global tem como objetivo enfrentar desafios fundamentais da humanidade, promovendo a prosperidade económica, a equidade social e a proteção ambiental. A Agenda 2030 é composta por 17 ODS, desdobrados em 169 metas e 232 indicadores, abrangendo diversas áreas fundamentais. Entre estas, incluem-se a erradicação da pobreza e da fome (ODS#1 e ODS#2), a promoção da saúde e educação (ODS#3 e ODS#4), a igualdade de género (ODS#5), o acesso a água potável e saneamento (ODS#6), a energia limpa e acessível (ODS#7), o crescimento económico e inovação (ODS#8 e ODS#9), a redução das desigualdades (ODS#10), as cidades sustentáveis (ODS#11), a produção e consumo sustentáveis (ODS#12), a ação climática (ODS#13), a proteção da vida marinha e terrestre (ODS#14 e ODS#15), a promoção da paz, justiça e instituições fortes (ODS#16) e as parcerias globais para o desenvolvimento sustentável (ODS#17). A sua implementação depende de um esforço conjunto entre governos, setor privado e sociedade civil, criando um roteiro comum para um futuro mais equilibrado e justo.
As empresas têm vindo a reconhecer a importância de integrar os ODS nos seus Relatórios de Sustentabilidade, como forma de demonstrar o alinhamento das suas atividades com a Agenda 2030. Esta abordagem permite não apenas reforçar a credibilidade e a confiança junto de investidores, clientes e comunidade, mas também identificar oportunidades de inovação e crescimento sustentável. A utilização dos indicadores e metas dos ODS facilita a mensuração dos impactos e do progresso das organizações, permitindo um acompanhamento mais preciso da sua contribuição para o desenvolvimento sustentável. Empresas que adotam esta estratégia podem, por exemplo, avaliar como as suas operações impactam o meio ambiente, promovem a igualdade social ou impulsionam inovações tecnológicas em linha com as necessidades globais.
A adoção de um reporte transparente e alinhado com os ODS traz várias vantagens estratégicas para as empresas. A melhoria da gestão de riscos é um dos benefícios, pois a análise dos impactos socioambientais permite uma melhor antecipação de riscos regulatórios e reputacionais. O acesso a capital também se torna mais favorável, uma vez que investidores estão cada vez mais atentos a critérios ESG, favorecendo empresas que demonstram compromisso com a sustentabilidade. A competitividade também é fortalecida, pois empresas sustentáveis tendem a ser mais resilientes e inovadoras, adaptando-se melhor às exigências do mercado. Além disso, o relacionamento com stakeholders é reforçado, uma vez que a transparência e o compromisso com os ODS contribuem para a construção de relações sólidas com clientes, fornecedores e comunidades.
Os Relatórios de Sustentabilidade deixaram de ser apenas uma exigência regulatória para se tornarem uma ferramenta estratégica essencial na gestão empresarial. A incorporação dos ODS nos relatórios reforça a transparência e a responsabilidade das organizações, permitindo-lhes medir impactos, tomar decisões informadas e fortalecer a sua posição competitiva. Ao adotar uma abordagem proativa na sustentabilidade, as empresas não só cumprem com exigências legais, mas também contribuem ativamente para um futuro mais justo e sustentável, alinhando o seu crescimento económico com as necessidades sociais e ambientais globais.